O Conselho de Ilha de Santa Maria na sua reunião
extraordinária do dia 10 Julho de 2013, decidiu, por unanimidade, emitir o seu
parecer sobre a “Reestruturação do Serviço Regional de Saúde". O
documento, que abaixo transcrevemos, será enviado ao Secretário Regional da
Saúde, Luís Cabral conforme sua solicitação:
Parecer emitido pelo conselho de ilha de Santa
Maria:
Numa análise global ao documento registamos, na sua
elaborada conceção, a identificação de problemas e necessidades, e consideramos
ser importante a reestruturação deste serviço, para uma melhor gestão de
recursos humanos e financeiros, tendo sempre como propósito, como é apresentado,
"...um sistema de saúde cujo principal objetivo é a promoção da saúde,
tendo como principal objeto de atenção, o utente." e "...sem nunca
esquecer a realidade geográfica e populacional do arquipélago.”
Numa análise pormenorizada ao documento, tendo em
conta a especificidade da Ilha de Santa Maria, registamos as seguintes
considerações:
- A real aplicação da telemedicina deverá avançar
mas nunca poderá ser substituta do presencial, sendo que a primeira consulta, a
nível de especialidades, deverá ser sempre presencial proporcionando um
ambiente de proximidade e a empatia necessária entre o doente e o médico. A
telemedicina também poderá e deverá funcionar como triagem, contribuindo para a
redução das listas de espera. deverá ser potenciadora de poupança de meios e da
melhoria doconhecimento técnico.
- Há um claro contrassenso no documento, nestes
três vetores de orientação, a utilização da telemedicina, a deslocação de
especialistas à Ilha de Santa Maria e de doentes para fora da ilha.
- A forma e modelo apresentados a aplicar nas
deslocações de doentes, inter-ilhas, estabelecendo regras e critérios bem
definidos nos sistemas de transportes com consequente acompanhamento clinico,
poderão libertar e facilitar os recursos humanos da Unidade de Saúdede ilha
para um melhor acompanhamento ao doente.
- O modelo proposto em - Call-center da Saúde ;
Atendimento de teor clínico - está direccionado para os grandes meios,
prejudicando a autonomia dos meios de saúde e de socorro nas ilhas pequenas,
como Santa Maria A dependência dos meios, obstinada a uma decisão exterior mais
demorada e menos assertiva da realidade local, poderá originar uma perca de
eficiência e eficácia numa atuação que se quer célere.
Não concordamos com a aplicação do sistema
"point-ot-care' nas análises clínicas na Unidade de Saúde de llha, no
período entre as 16 e as 08 horas, porque este sistema além de levantar algumas
dúvidas aos técnicos, é aplicado normalmente em serviços de saúde onde existem
outros meios alternativos a que se poderá recorrer em caso de falha ou dúvida.
Este sistema irá sobrestimar e desvalorizar os profissionais existentes nestas
unidades de saúde, técnicos competentes e com capacidade de poderem atuar
presencialmenle e serem uma mais-valia para o doente e profissionais de saúde.
- Há uma necessidade urgente no aumento da
capacidade para os cuidados continuados na ilha. nomeadamente nas instituições
externas que prestam este serviço.
- Dado ao elevado número de praticantes de
atividades subaquáticas na ilha de Santa Maria defendemos a instalação de uma
câmara hiperbárica na Unidade de Saúde de Ilha com
consequente formação de pessoal clínico, conforme
já tinha sido previsto pelo anterior executivo.
Este equipamento poderá também prestar outros
cuidados a nível de saúde que não exclusivamente relacionados com o mergulho.
- Consideramos elevado o rácio proposto para o
número de utentes por médico de família,situação que poderá por em causa a
existência do quarto médico de família na Ilha de Santa Maria.
Vila do Porto. 16 de Julho 2013.