quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

E depois do "Céu Único"?


Um destes dias estava a ler notícias da Pátria e, num cruzamento de palavras, lembrei-me de Santa Maria.
Vem aí nova greve da NAV, desta vez por causa do projecto "Céu Único Europeu". Já tinha ouvido falar, ainda que pela rama, do que significa este desejo da comissão europeia e na altura fiquei com a sensacão que o dito transformaria a face da empresa portuguesa. Não percebi se para melhor...
Dei-me ao trabalho de ir ler sobre o assunto no site do INAC (numa terrível noite de insónia) e confirmei o que imaginava. Um conjunto de boas intencões e palavras vazias ("aumentos de eficiência, e do balanço custo-eficácia com manutenção, ou de melhoramento do nível de segurança operacional") que, em bom Português, significam reducão de pessoal e de operacões.
Um rapaz mais alarmista, de um sindicato qualquer, dizia aos repórteres que, se a comissão avancar com isto, poderíamos estar a falar de 10 000 postos de trabalho em causa. Estará a exagerar mas enfim, faz a sua parte para que a pressão tenha sentido. Agora, é um facto que esta norma, se passar, vai abanar a NAV.
E foi aqui que me lembrei de Santa Maria. Se isto afecta Lisboa, o principal aeroporto do país, o que fará a SMA, um aeroporto que vai perdendo espaco no mapa? Sendo a NAV um dos principais dinamizadores da economia da ilha, o que fazer em caso de "terramoto"?
Depois comecei a pensar em alternativas e esbarrei noutro problema, o endividamento da CMVP. A minha memória transportou-me para o período pós-autárquicas e lembrei-me de Bernardino Soares, depois de chegar à câmara de Loures, ter dito aos jornais que a situacão era calamitosa e a dívida já ia nos 20 milhões de euros.
Ora...o concelho de Loures tem quase o dobro da área de Santa Maria e uma populacão 40 vezes maior. Contudo, a dívida é "só" três vezes maior (aproximadamente). Cito de cabeca o que ouvi no debate eleitoral entre os três candidatos à CMVP e um deles, o do PS cujo nome não me lembro, disse que o endividamento rondava os 6 milhões de euros. Também me lembro de ouvir, se não me engano o actual presidente, dizer que tinham um plano de pagamento para os próximos 20 anos.
Parece-me preocupante. São muitos "pilares" ameacados.
Um dos principais empregadores vai entrar num túnel cuja luz não se percebe bem onde está, a CMVP, que embora não tenha que criar emprego, é um dos motores da ilha e está comprometida para os próximos anos e a Sata, o maior empregador da região, também atravessa graves dificuldades.
Eu não percebo nada de economia, financas ou aeronáutica (tal como os ministros da tutela), mas, do ponto de vista racional, parece-me que se pode afirmar que o cenário já foi mais estimulante.
E assim, entre o que ouvia na SIC Notícias e as memórias da praia formosa, embrulhei tudo no cérebro e perguntei-me: "não será altura de comecarem a tracar um plano B?".
Acho que sim camaradas. Na dúvida, eu comecava pelo mar.