sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Argilas de Santa Maria são favoráveis para utilização directa na pele.

Os materiais argilosos aflorantes na ilha de Santa Maria são adequadas, do ponto de vista mineralógico, para aplicação tópica, devido à constituição argilosa e ausência de quartzo. As conclusões são do estudo da “caracterização mineralógica e geoquímica de materiais argilosos aflorantes na ilha de Santa Maria: potencialidade do seu uso em peloterapia e fins cosméticos”, da responsabilidade dos investigadores Ana Quintela, Denise Terroso, Cristiana Costa, Henrique Sá, João Carlos Nunes e Fernando Rocha.
O estudo enquadrou-se no projeto TERMAZ, do INOVA, e os trabalhos desenvolvidos têm em conta um melhor aproveitamento e valorização de recursos naturais de que são exemplo os materiais argilosos. O estudo caracterizou, do ponto de vista geoquímico e mineralógico, os barros de Santa Maria, aflorantes em diversos locais, 
nomeadamente na Gruta das Pombas, para possíveis aplicações de natureza terapêutica e cosmética. O estudo revela que “os dados mineralógicos das amostras revelam adequabilidade dos geomateriais a aplicação tópica, nomeadamente pela ausência de minerais primários potencialmente perigosos para a saúde humana como o quartzo e por terem sido detectados em abundância os minerais argilosos mais frequentemente referidos na literatura e cujas propriedades se adequam mais a este fim, caulinite e esmectite”. 
Para avaliar a potencialidade do uso de materiais argilosos de Santa Maria com base nas suas características mineralógicas e geoquímicas. Desta forma, as amostras colhidas na Furna Velha e na Gruta das Pombas revelam “o material com melhores características” para a aplicação tópica “principalmente se for sujeita a um tratamento simples prévio para extracção da componente salina”. 
Já os demais materiais revelam-se adequados “do ponto de vista mineralógico para aplicação tópica nomeadamente pela constituição argilosa e ausência de quartzo” no entanto os investigadores referem que estudos de bioacessibilidade de certos elementos químicos menores presentes nas amostras, devem ser averiguados previamente ao seu uso. O estudo, que vai ser hoje apresentado pelas 16h10 no III Congresso Ibero-americano de Peloides, revela que a amostragem feita em Santa Maria contemplou a colheita de cinco amostras argilosas que foram identificadas pela população mariense como sendo materiais utilizados para fins cerâmicos ou para uso medicinal. A análise mineralógica 
revelou “a existência de uma fase mineralógica comum constituída por feldspatos e filossilicatos. Os minerais argilosos são representados por esmectite, caulinite e/ou ilite. Do ponto de vista geoquímico, como influência de uma fase argilosa predominante e presença de feldspatos, as amostras revelam um elevado conteúdo em fases alumino-silicatadas e uma das amostras denota uma presença muito acentuada de Na2O e Cl, resultado do forte contributo marinho”.Sendo que as argilas têm sido utilizadas desde a antiguidade para diversos fins, sendo incorporadas na preparação de produtos farmacêuticos, cosméticos e de peloides. As argilas têm sido utilizadas pelo Homem desde a antiguidade para uma grande diversidade de fi ns; estas são incorporadas na preparação de produtos farmacêuticos, cosméticos e de pelóides, por exemplo. As argilas têm sido usadas de forma empírica para fins terapêuticos “quer por ingestão ou aplicação tópica sob a forma de cataplasmas, películas fi nas ou banhos”. De acordo com o estudo apresentado o uso tópico de certos materiais argilosos “baseia-se principalmente na acção protectora dérmica ou na inclusão em cosméticos. Minerais como caulinite, talco e esmectite são utilizados como protectores dérmicos devido ao seu poder absorvente e à capacidade de aderirem à pele formando uma película que proporciona protecção mecânica a agentes físicos e químicos externos”, tal como foi apresentado já por vários estudos. A aplicação cosmética dos minerais argilosos é “largamente reconhecida” e são usados em máscaras faciais e pela sua capacidade de absorção de secreções e toxinas, sendo recomendadas “no alívio de sintomatologia associada a processos inflamatórios”.Os pelóides são aplicados tipicamente como agentes terapêuticos sob a forma de cataplasmas ou banhos em estâncias termais, aplicados quentes que exercem, por condução, acção através da pele provocando vasodilatação, perspiração e estimulação da frequência cardíaca e respiratória consoante o local sujeito à aplicação do pelóide. As argilas têm como unidade estrutural os minerais argilosos mas podem também possuir minerais não argilosos e “de entre os minerais não argilosos que acompanham os minerais argilosos podem salientar-se certos silicatos, carbonatos, óxidos, hidróxidos, sulfatos e sulfuretos”. 
Como conclusão, os dados mineralógicos das amostras “revelam adequabilidade destes geomateriais para aplicação tópica”, tendo sido detectados os minerais argilosos cujas propriedades se adequam mais a este fim, a caulinite e a esmectite. Sendo as amostras colhidas na Furna Velha ou Gruta das Pombas as que revelam melhores caraterísticas para esse fim, defende o estudo liderado por Ana Quintela, Denise Terroso, Cristiana Costa, Henrique Sá, João Carlos 
Nunes e Fernando Rocha.
Jornal Correio dos Açores - 4 de Outubro de 2013