segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Maré de Agosto 2010 termina com «good vibes».

As temperaturas quentes deram lugar a um dia cinzento no final da 26ª edição do Festival Maré de Agosto, na Ilha de Santa Maria, nos Açores. No recinto estavam cerca de três mil pessoas, que não quiseram perder as actuações deste quarto e último dia do evento.
A festa começou à tarde com os portugueses Bunnyranch. A banda, que editou recentemente o álbum «If You Missed The Last Train», actuou no Palco TMN e mostrou não ter medo de perder o comboio das novas tendências musicais.
«Quem é que me paga o jantar? Quem é que me leva para uma tenda? Nenhuma rapariga me leva para uma tenda? Ninguém se oferece? É só gente séria e bastante bonita. Meu amigo, já estive em várias tendas consigo e foi um prazer», dizia o vocalista, num dos momentos mais hilariantes do concerto. Passeando-se em frente ao palco, Carlos Mendes aproveitou ainda para tecer elogios rasgados aos colegas de palco.
Já por volta das 23h00, chegou a vez dos OqueStrada mostrarem aquilo que de melhor sabem fazer perante uma plateia sedenta de música e de diversão. Uma versão da sobejamente conhecida da canção popular «Se esta rua fosse minha» captou desde logo a atenção de miúdos e graúdos, que batiam palmas incansavelmente.
Há oito anos na estrada, os OqueStrada souberam aproximar-se do povo açoriano com simpatia e desfilando temas, como «Eu e o meu país», «Kekfoi» ou «Oxalá te Veja». Para o esperado encore estava reservado o fado «Qualquer coisa que me anima?» e ainda a marcha das «Sete Colinas».
Seguiu-se o espectáculo de Omar Perry e a sua The Homegrown Band, que foi, certamente, um dos momentos altos de todo o festival. Directamente da Jamaica, os músicos trouxeram na bagagem o espírito do reggae. Com umas longas rastas tapadas por um gorro colorido, o vocalista não se cansou de transmitir good vibes aos festivaleiros, mesmo quando o tempo ameaçava chover.
«Não estão cansados? Estão prontos para ir para casa? Ou estão prontos para a festa?», perguntava a dada altura. Mas a resposta era evidente: o público queria aproveitar ao máximo este último dia de festival. Um grupo de raparigas chegou mesmo a dançar em cima do palco lado a lado com os músicos.
«Man Free», «Redder Than Red», «Rasta Meditation» foram alguns dos temas apresentados, sem, claro, deixar de fora o incontornável clássico «Out of space», não fosse Omar Perry filho de Lee Scratch Perry, considerado um dos grandes impulsionadores do desenvolvimento e da aceitação do reggae e do dub.
A continuação da noite no palco principal ficou por conta do DJ belga Gaetano Fabri, que, de apito na boca e com alguns passos de dança, tentava interagir com a plateia. Do outro lado, no Palco TMN, começavam também a actuar Os Tornados. Todos vestidos a condizer, de camisa branca e calças cinzentas, os músicos deram um espectáculo revivalista, que muito agradou ao público.
Além de apresentarem alguns temas novos, como «Ela Fugiu» e «Baby Baby», Os Tornados mostraram não ter medo de desafios, apresentando também uma versão de «Taras & Manias», de Marco Paulo, que nada ficou a dever ao original.
«Isto está a aquecer», dizia a banda perante uma plateia generosa, de onde se avistavam já alguns rapazes em tronco nu. Depois de «À beira-mar», que assentou que nem uma luva no local do concerto, seguiu-se a «Valsa da despedida», se bem que o «adeus» tardaria a chegar. Sempre enérgicos, os músicos portuenses pareciam estar em casa, mesmo sabendo que grande parte dos festivaleiros estava a vê-los pela primeira vez. O fim da noite ou, se quisermos, o fim do festival, foi assegurado pelo DJ Bla Bla Bla.
Texto/Fotos: TVI24 e IOL Música