quinta-feira, 25 de março de 2010

Ponto da situação.


Em Santa Maria estão a ocorrer movimentos lentos de massa terrestre em consequência do mau tempo, que colocam em risco habitações e infra-estruturas básicas, tendo já, nalguns casos, provocado danos estruturais graves. A localidade mais afectada é a Maia, onde foi identificado um deslizamento lento de grandes dimensões de, aproximadamente, 65 mil metros quadrados. Mas o fenómeno está também a afectar a Praia Formosa - o palco privilegiado do festival musical Maré de Agosto - e a Baía de São Lourenço. A Universidade dos Açores (UAc) registou diversos movimentos de vertente, na sua maioria deslizamentos translacionais e rotacionais, nos três locais. Uma massa instabilizada de terra potenciada pela forte precipitação que vai ‘empapando’ e fragilizando os terrenos, assustando os pouco mais de 5 mil habitantes da segunda ilha do Grupo Oriental. Pelo menos um casal residente na Maia teve de abandonar a sua habitação e ser realojado numa casa de família. Para o presidente da Câmara Municipal de Vila do Porto, “a situação é preocupante por abranger uma área imensa”, onde existem casas de veraneio e de habitação permanente, algumas das quais já com fissuras. Há igualmente terrenos fracturados. O fenómeno geológico estende-se ao longo de 140 mil metros quadrados e apresenta, segundo a UAc, características raras no arquipélago. A sua grande dimensão é explicada, para o investigador Rui Marques, pela presença abundante de argilas por baixo da massa instável, sobre as quais se dá a movimentação. Para evitar a exposição ao risco existente - e de acordo com uma nota informativa do Governo - as autoridades decidiram proibir o acesso à Maia. Aconselharam ainda as pessoas a não circular, de carro ou a pé, nos arredores da zona de maior perigo, até se saber a verdadeira dimensão do problema. Os vários movimentos de massa identificados em Santa Maria levaram a que o Secretário Regional do Ambiente e do Mar e investigadores do Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da UAc se deslocassem à ilha para analisarem ‘in loco’ as situações que representam maior ameaça. Nos próximos dias, vão ser feitos ensaios laboratoriais às amostras recolhidas pelos investigadores e elaborado o esquema de monitorização para acompanhar o evoluir dos deslizamentos. Que sobretudo no caso da Maia se encontram num grau de actividade tal que leva o autarca Carlos Rodrigues a ponderar a adopção de medidas “não populares”. Como, por exemplo, o fecho de estradas, evacuação de pessoas e proibição de construções em zonas de risco.• Evoluir da situação depende da chuva A evolução do movimento de terras vai depender muito da precipitação que se vier a registar nos próximos tempos, em Santa Maria. Se à chuva se seguir nestes dias um tempo seco, é provável que a deslocação de massa terrestre na ilha fique por aqui. Mas, mesmo assim, os receios da população continuam, como demonstra o presidente da Câmara Municipal de Vila do Porto, Carlos Rodrigues: “As vertentes podem estabilizar, como podem de um momento para o outro desabar, porque se têm deslocado lentamente...”
Mais informação: Jornal O Baluarte on-line