sexta-feira, 27 de junho de 2014

E tu, onde vais estas férias?


O mês de Julho representa para os Suecos o mesmo que Agosto, para nós, Portugueses. As escolas fecham, as empresas entram em serviços mínimos, os aeroportos enchem e o sol aquece a pele. Bom...talvez a parte do sol seja exagerada. O verão na Suécia é como um canudo na casa do Relvas, não existe!
Mas enfim, é o mês por excelência usado para fugir destas paragens e sentir calor. É também nesta altura que a típica conversa de café passa do "parece que chove amanhã" para "e planos para as férias?".
Da minha parte, ultrapassando sempre o ponto prévio de ser emigrante e de usar as férias para "ir a casa", gosto sempre de referir "Lisboa", "Alentejo" e "Açores".
O Alentejo é para a maior parte dos estrangeiros um ilustre desconhecido. Ainda bem, digo eu. Os Açores nem tanto. Já todos ouviram falar e, aqui e ali, há um que até sabe que são um conjunto de ilhas entre dois continentes. Dou por mim sempre a explicar que há mais ilhas para além de São Miguel (a única que aparece nos charters no norte da europa) e, quase sempre, recebo sinais de espanto e exotismo.
Para quem não faz ideia do que estou a falar, apresento a foto que está ali em cima, e que me acompanha para todo o lado. Entramos no patamar do "uau" e estamos ao nível das Caraíbas. Há verde, há azul, há areia fina e água quente. Jamantas e sopas de império. O que são? E lá conto eu que sabem pela vida, pagam a promessa e no fim há um "vivó". Já com o camarada embrulhado na narrativa vem a pergunta que estraga sempre tudo: "como chego lá?".
Poupo os detalhes que aparecem diariamente na comunicação social sobre a Sata (as danças de administradores, os atrasos, as faltas dos pilotos, a euroatlantic, a dívida do GRA e demais novelas) e vou direto aos preços. E fico sem argumentos. Tenho mesmo dificuldade em explicar algo que eu próprio não entendo. E uma das coisas que decididamente me escapa, é porque é que uma companhia com necessidade de encaixar dinheiro, não baixa os preços e não enche os aviões? Visitar os Açores é um privilégio. Pela beleza natural, pelas pessoas, pelo mar, pelas praias. Mas também é um luxo, porque para quem viaja de qualquer pais da Europa, tem que somar 250-300 euros à tarifa que o leva para Lisboa. Está entre os destinos mais caros da Europa....
A conversa termina invariavelmente com um encolher de ombros envergonhado. Continuo a achar que a Sata é o pior inimigo que o turismo dos Açores pode ter, pelo menos nos moldes de hoje.
Fico feliz de fazer parte do grupo de pessoas que se pode sentar a uma mesa de Império depois de um dia de praia. É uma das imagens que tenho do paraíso. Só gostava que outros o pudessem conhecer também.