É o lema da maioria das
esquadras da polícia portuguesa, um lema que nasceu dos maiores ideais da
sociedade portuguesa em que proteger, informar, precaver e dissuadir
presumíveis criminosos eram os objetivos de qualquer respeitável polícia de
forma a garantir uma sociedade livre e harmoniosa onde os valores do respeito
mútuo, liberdade e bom senso imperavam.
Infelizmente esses tempos já vão muito longe e
hoje, debaixo dos mesmos brasões, vigoram ideais muito diferentes. Quando a
punição e a extorsão passam a lema principal de alguns agentes da autoridade e
chegamos ao ponto de ver os cidadãos a evitar mais os polícias que os
ladrões... algo vai muito mal! Todos nós sabemos que o desconhecimento da lei
não é desculpa para ninguém, também todos nós sabemos que isso não passa de
teoria barata e que apenas serve de argumento a quem usa a lei em benefício
próprio... Esta última semana em Santa Maria foi um exemplo perfeito disso, a
arrogância e falta de bom senso fez lembrar os relatos de pirataria que esta
ilha foi alvo em tempos remotos, talvez por ser um povo pacífico e acolhedor o
torne apetecível para que corsários de todos os tempos aqui pratiquem os seus
atos de extorsão. A lei e a ordem sempre foram aplicadas nesta ilha de forma
coerente, respeitada e justa!... isto era o que todos nós pensávamos até
aparecerem na ilha aqueles agentes que nos enfiaram numa camisa de forças e
dizem que a lei é assim... então os nossos agentes são uns incompetentes que
nunca aplicaram a lei? Resta saber quando esses senhores agentes da autoridade
e cumpridores da lei abandonarem a ilha depois de extorquírem o último cêntimo,
como ficará a lei? Ouve-se alguém dizer que estão a cumprir ordens... vamos
sempre dar ao mesmo, há sempre alguém lá do canto do oceano a dizer o que tem
de ser feito aqui deste lado sem saber sequer de que cor é a ilha. Cada terra
tem as suas particularidades baseadas na sua vivência e história, nas sua
gentes, usos e costumes, toda a lei, apesar de válida, terá que ser adaptada a
essas particularidades ou então correrá o risco de nunca funcionar. É bom que
quem fiscalize o cumprimento da lei esteja ciente disso e, seja suficientemente
inteligente para exercer as suas funções sem conflitos, e assim ser respeitado,
aplicar a lei “by the book”, como foi feito em Santa Maria, qualquer calhau com
olhos o faz...
Texto: Manuela Lima