sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

E eu, não conto?


Acabou há momentos a audição pública do Plano de Pormenor da Praia Formosa. Foi uma noite muito interessante. Não participei activamente porque sentia mais tristeza que outra coisa e bem sabemos que às vezes a tristeza atrapalha as palavras.
Houve intervenções de todo o tipo. Das esclarecidas às apaixonadas. Ninguém pode dizer que os marienses não se importam com a sua terra, não depois de uma noite como esta. E a sessão foi muito mais do que uma audição pública, foi uma manifestação de cidadania activa que dá sentido à democracia. Sentido de tal maneira vivo que a Câmara Municipal vai ter de ponderar muito bem se se encontra em condições de representar com legitimidade os destinos da nossa ilha. É que em todos os instantes se pode perceber que tinham para oferecer uma ideia que ninguém queria comprar. E amanhã, certamente vai-se repetir o fadinho.
O plano de pormenor da Praia Formosa devia ter sido apresentado com a partilha da estratégia que está por trás dele. Sem esquemas. Mas a verdade é que ninguém percebeu bem por que razão é que o mesmo foi feito. O que é que se pretende para a Praia Formosa? Se não se consegue responder a essa questão, então todo aquele plano de pormenor é um pôr a carroça à frente dos bois.
É claro que há coisas que podiam estar melhor na Praia Formosa, mas não era preciso seguir aquele caminho, sobretudo se ele está minado de incongruências e erros técnicos que, a provar-se, hão-de embaraçar para sempre os responsáveis. Eu queria uma Praia Formosa que me orgulhasse, uma que fosse ninho para os cagarros se sentirem em casa, uma casa única (com poucas casas)... Infelizmente, estamos a um passo de arriscarmos acender demasiados candeeiros e nos cegarmos, para sempre.