terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Como um balanço, equilibrado, com plano de pormenor:



Não sou ninguém. Percebo de literatura, da língua portuguesa, faço uma pizza decente. Mas olho, reparo, penso e sonho. Consigo traduzir facilmente o que penso em palavras e estou à vontade para partilhar, sem achar que me vão dar ouvidos, sem ter a veleidade de achar que mereço sequer a atenção. Mesmo assim, por isso mesmo, aqui vai o que penso dos Planos de Pormenor da Praia Formosa e Baía dos Anjos e de outras questões que vêm por acréscimo.

1. Os Planos de Pormenor são importantes e necessários, tal como é fundamental proteger, ordenar ou corrigir. É para isso que eles servem, basicamente.
2. A Câmara Municipal está em condições de achar e decidir sobre o que é melhor para a ilha, afinal, foram eleitos com 55.85% dos votos. Mesmo assim, deve estar atenta ao que é que os marienses querem.
3. Nem sempre o que os marienses querem é o que todos os marienses querem, logo, qualquer Plano de Pormenor nunca vai agradar a todos.
4. A maioria dos marienses - e para isto não é preciso um referendo - acha que as suas belezas naturais são uma mais-valia a preservar, sobretudo a Praia Formosa, a jóia da coroa.
5. A Praia Formosa não é um baldio. Pertence a quem é dono dos terrenos e eles têm direito a fazer o que a lei lhes der direito a fazer com o que é seu. Mas a Praia Formosa também é de todos os marienses e açorianos e portugueses que acreditam que têm ali um lugar único.
6. A Câmara Municipal devia esclarecer melhor quais são as consequências, em termos de imobiliário, para a frente marítima e revelar qual é a sua ideia de fundo para aquele lugar. Qual é a sua filosofia, no fundo, de desenvolvimento.
7. Só há duas hipóteses para o Plano de Pormenor da Praia Formosa: ser aprovado na generalidade daquilo que foi proposto recentemente, com as suas consequências (que nunca serão imediatas, mas certas e inevitáveis) ou, reformulá-lo de modo a que a Praia Formosa que conhecemos hoje, com a sua envolvência rural, a sua paz e a sua tranquilidade, não sejam perturbadas. E esta última hipótese é possível, sem prejuízo de ninguém. Basta ouvir toda a gente e sentar toda a gente à mesa. Arranja-se uma mesa bem grande, que é coisa que falta na ilha.
8. Quanto ao Plano de Pormenor dos Anjos, a resolução é mais fácil. Quase toda a gente abomina qualquer hipótese de urbanização a nascente. Nem faz qualquer sentido quando há tantos lotes por construir ainda na zona a poente. Para não falar da falta de sensibilidade que perpassa o documento, quanto à preservação do ambiente e da história daquele lugar.
9. Esta questão nunca deveria ser politizada e corremos o risco de o ser, sobretudo em ano de eleições, não esqueçamos. Isso só acentua o problema de medirmos a honestidade com que as pessoas assumem as suas posições. É que nem sempre a política é verdadeiramente filantropa. Tantas vezes a demagogia vence o verdadeiro propósito dos corações, de tanta gente que sente e é filha de boa gente.
10. Temos que nos unir. Se é para dizermos não, temos de o fazer em conjunto, seja para o que for. Se for para dizer sim, igualmente. Eu quero dizer não a ambos Planos de Pormenor, mas estou disponível para partilhar os meus sonhos. E não devo estar sozinho. 
11. Quanto vale o que dizemos? Quanto vale o que sonhamos?

Abraço, Daniel.