quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O lado menos Cor-de-Rosa das coisas..........!!

Ao início da noite do dia 12 do corrente mês de Fevereiro, ouve-se o tocar emergente das sirenes de uma viatura, são as autoridades marítimas Marienses que passam numa marcha apressada em direcção ao cais/marina de Vila do Porto, pois foram solicitados a intervir numa missão de socorro por naufrágio de uma embarcação, a cerca de 18 milhas a Sudoeste da ilha.
Num meio pequeno como o nosso, as pessoas acorrem ao local, tentam saber o que se passa, e tentam ajudar de acordo com a situação. Ainda bem que assim é, pois neste caso, há que começar por louvar o humanismo, o profissionalismo e a coragem irreflectida dos polícias marítimos intervenientes nesta acção de busca e salvamento que, após terem escrito e deixado as coordenadas posicionais do naufrágio solicitando às pessoas que se encontravam no clube naval, o favor de contactarem o Paulo Reis, o Mário Fernandes, o Zé Resendes Santos e outros que pudessem ajudar, se fizeram ao mar sem hesitar, na casca de noz que pertence ao serviço de busca e salvamento da ilha, pondo em risco a própria vida. Enquanto navegavam em direcção ao local do pedido de ajuda, em terra tratava-se, com a rapidez possível, de colocar no mar os meios marítimos possíveis para ajuda aos náufragos e àqueles três homens que, dentro dum barquito com cerca de cinco metros, um motor de não sei que potência e com meios de navegação e comunicação impróprios, não conseguia navegar a mais de cerca de cinco milhas, dada a fúria das ondas e o vento que se fazia sentir, nem conseguia ser recebido via rádio. As embarcações que os seguiram, embora saindo mais tarde, com relativa facilidade os alcançaram, fazendo o transbordo de dois deles para a embarcação do Paulo Reis e fazendo regressar a embarcação oficial por não oferecer as mínimas condições de segurança para poder prosseguir.
Entretanto o helicóptero da força aérea chegou ao local e em contacto com as embarcações que se aproximavam da zona foi informado e localizou os náufragos içando-os.
A história da missão acabou por ter um final feliz, porque se salvaram os náufragos, porque todas as pessoas envolvidas regressaram sãs e salvas.

Mas não nos fiemos na virgem e que esta situação sirva para alertar e responsabilizar quem de direito e obrigação tem que dotar os serviços competentes da ilha dos meios necessários a intervenções desta natureza. Nós estamos no meio do oceano atlântico, temos que ter os meios adequados e não barquinhos de rio para esse fim. É verdade que houve e haverá sempre o apoio dos particulares! E se não houver? Não é obrigação deles!
Texto de Opinião: António Carlos Botelho Sousa
Fonte: Jornal Correio dos Açores de 15 Fev.2011