quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Investir no sector não é só apoiar a compra de barcos e construir novos portos !!!

Dois atuneiros da frota da Região Autónoma estão a servir de transporte de atum entre as ilhas de Santa Maria - São Miguel - Faial, porque o entreposto de frio de Vila de Porto esgotou a sua capacidade de armazenagem. Isto é, embarcações que deveriam estar a capturar atum estão agora a servir de “táxi” para colmatar não só a limitação da capacidade de armazenagem em Vila do Porto como também a ausência de um entreposto de frio no porto de Ponta Delgada, o maior e mais concorrido do Grupo Oriental. Assim, as embarcações Mestre Afonso e Maria Leontina não estão agora a pescar num ano considerado excepcional, embora o acordo com o Governo açoriano, avançam as nossas fontes, garanta que as tripulações não vejam os seus vencimentos prejudicados. Na prática, ambas estão a transportar o atum (Bonito) de Vila de Porto para Ponta Delgada, onde é colocado em contentores de frio e remetido para o Faial, libertando assim o único entreposto público do Grupo Oriental, esse localizado em Santa Maria. Esta foi a estratégia encontrada pelo Governo Regional para ultrapassar, quer a grande afluência de atuneiros a Vila do Porto, quer a ausência de um entreposto de frio no porto de Ponta Delgada, sendo que este último handicap constitui uma das principais reivindicações do sector das Pescas. O maior problema nesta altura parece ser mesmo a grande concentração de atuneiros ao largo de Santa Maria, cujo porto possui instalações de frio com capacidade para 1200 toneladas, o que não se revela suficiente. Críticas ao Governo A lacuna de “frio” no Grupo Oriental já por diversas vezes suscitou as críticas dos homens do mar “per se” ou através dos respectivos dirigentes associativos. Este ano, e depois de mais um Inverno rigoroso e pouco rentável para as pescas, a questão ganhou de novo ênfase no Verão, pois se já estivessem reunidas óptimas condições de descarga e armazenagem nos portos açorianos os pescadores poderiam compensar as dificuldades sentidas nos primeiros meses do ano. Mas a questão não se resume à campanha do atum nem aos meses de Verão. Com a libertação de apoios públicos a frota de pesca local aceitou o desafio lançado pelo Governo Regional e tem vindo progressivamente a substituir os barcos de boca aberta por embarcações cabinadas e com outra capacidade de armazenar o pescado. Acontece que ao investimento feito pelos homens do mar, que se traduz no aumento de capacidade da frota, não corresponde a melhoria de condições em terra (descarga e frio), essas a cargo do Governo Regional. Fontes afectas ao sector das Pescas asseguram que “já por várias vezes alertaram a Subsecretaria Regional das Pescas para os problemas que se estão a passar” e questionam mesmo “se haverá falta de fundos públicos para a construção e manutenção de condições em terra”.
Pedro Nunes Lagarto/ Jornal Açoriano Oriental