segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

É extenso mas vale a pena.


É tão bom ouvir falar de nós, da nossa terra, do que cá é feito. Aqui fica um texto (depoimento de uma equipa de navegadores irlandesa) que a Ana Loura recebeu por e-mail e que bem merece ser aqui deixado. Com um abraço a quem o enviou e a todos os mencionanos nele. Bem haja quem bem trabalha para que Santa Maria seja assim falada.

"A ideia de organizar um rally nos Acores em parceria com o Royal Crusing Club foi sugerida por Cormac McHenry e pelo falecido Anthony Browne, a cerca de 3 anos atras, quando eles eram ainda comandantes dos seus respectivos clubes. Infelizmente o Anthony nao viveu tempo suficiente para ver a sua ideia tornar-se realidade. O RCC tem uma longa historia a organizar eventos em localizacoes distantes, mas para o ICC isto isto seria uma aventura no escuro, uma vez que seria a primeira vez que o clube se involveria num evento que requereria atravessar mais do que 1000 milhas de oceano apenas para chegar a primeira fase.
O tempo necessário para percorrer as distâncias e participar em todos os eventos, limitou o número de possíveis participantes, mas nós esperámos que só o facto de um rally estar a ser organizado fosse encorajar alguns membros que, em circunstâncias normais, não consedirariam atravessar um oceano para participar. Isto provou-se ser verdade e a armada do ICC fez-se de uma mistura de viajantes experientes e noviços. No final, 14 barcos do ICC e 9 do RCC provaram uma firme intenção de participar, mas infelizmente Alan Leonard foi forçado a desistir à ultima da hora e apenas 22 barcos participaram, sendo que nem todos atenderam todos os eventos. Todas as regisões do ICC foram representadas, com 5 do sul to país, 3 do norte e este e 2 do oeste. No final do cruzeiro todos os que fizeram parte concordaram que o evento foi um grande e agradável sucesso.Organizar um evento a mais de 1000 milhas de distância e envolvendo dois clubes é bastante difícil, mas fomos sortudos em ter o david Whitehead como voluntário para supervisionar a parte do ICC, com o Paul Heiney a representar o RCC. Ambos os clubes estão-lhes em grande dívida de gratidão pelo esforço deles em tornar esta iniciativa bem sucedida, consequentemente foi particularmente desapontante que o David não pudesse atender os eventos devido a doença.
A autoridade gestora dos portos açoreanos fez tudo para que fossemos bem-vindos em todo o lado e Carla Cook organizou tudo o que necessitámos enquanto estivémos em terra. Apesar da sua estatura pequena, ela mostrou-se ser uma torre de força ao assegurar-se de que tudo corria sem dificuldades. Graças a ela aprendemos também muito sobre a história, cultura e tradições das ilhas bem como vimos em primeira mão a maravilhosa beleza dos Açores.No geral, o RCC organizou a parte do cruzeiro respeitante a S.Miguel, enquanto que o ICC organizou a parte que terminou em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. O único outro evento organizado teve lugar em Santa Maria, que já tinha sido visitada por Ed Wheeler no ano passado, na sua rota para casa, a partir de África, e foi onde ele recebeu uma maravilhosa recepção, daí ele ter insistido para que incluíssemos Santa Maria na nossa rota do rally. Ele estava absolutamente certo e de facto, para muitos participantes, o tempo passado em Sta Maria acabou por ser o ponto forte de todo o cruzeiro. Os eventos oficiais dos clubes deixaram bastante tempo para que se pudessem explorar outras ilhas do arquipélado, como por exemplo o Faial, cuja cidade da Horta se mostrou bastante popular, proporcionando a oportunidade aos novatos de deixarem as suas marcas nas paredes do porto e de experimentar as delícias do Peter's Bar, que tem mudado muito pouco ao longo dos anos. Escusado será dizer que ao longo do cruzeiro muitas festas se organizaram ao longo dos cruzeiros, proporcionando oportunidades para os clubes se misturarem e conhecerem melhor.Cinco dos barcos do ICC optaram por navegar directamente da Irlanda para os Açores e todos experimentaram episódios de mau tempo a determinada altura. Ventos fortes estavam na ordem do dia, mesmo quando se aproximaram das ilhas, onde era suposto apanharem um tempo mais gentil. (depois há aqui umas frases em que o escritor se foca nos precalços vividos por determinados barcos e nas burocracias com que tiveram que lidar ao chegar a Portugal)
Na altura em que o RCC deu inicio a abertura oficial to evento, no dia 17 de Julho, muitos dos elementos do ICC já estavam em Ponta Delgada há uns dias e já se tinham ambientado pelos restaurantes da zona, incluindo um em que o cliente cozinhava o seu próprio bife numa pedra quente, na própria mesa. Eles gostaram tanto que a Evie usou o seu pouco portugues para comunicar com o dono do restaurante que nãosabia nada de inglês, para reservar a maioria do espaço o restaurante para uma festa a seguir à cerimónia de inauguração do evento.Esta recepção foi grandmente suportada pela autoridade de gestão dos portos açoreanos e aconteceu num local virado para o mar, do lado de fora de um bar na marina, onde o vinho local correu abundantemente, havia imensos petiscos e fomos entretidos por um espectáculo de música e dança tradicional dos Açores.Nigel Wollen, comandante do RCC, deu-nos as boas vindas e depois, ele e muitos outros, juntaram-se a nós na dançaria.
Cerca de 6 entre nós, de ambos os clubes, aproveitámos uma boa e barulhenta refeição que inevitavelmente acabou com músicas maioritariamente irlandesas, o que provicou riso ao dono do restaurante.
No dia seguinte o RCC organizou-nos uma visita guiada de autocarro à espectacular zona ocidental de S.Miguel.. Visitámos a antiga capital da ilha, Vila Franca do Campo, e vimos o Ilhéu da Vila a partir da zona costeira. Visitámos o Vale das Furnas, com as suas ribeiras sulfurosas e com as suas fumarolas. Depois fomos deixados à nossa mercê para encontrar onde almoçar na vila das Furnas. Escusado será dizer que 'almoço' significa diferentes coisas para diferentes pessoas e por isso foi com alguma dificuldade que nos juntámos todos para uma visita ao Parque Terra Nostra, com o seu luxuriante jardim tropical and lago quente amarelo, onde algumas almas mais corajosas se mergulaharm, obviamente sem nenhum efeito maligno posterior. À noite o RCC organizou um serão de comida e vinho típicos açoreanos no muito rural restaurante White Horse, na vila de Santa Bárbara, na costa norte, o que involveu outra longa viagem de autocarro através de vilas com ruas que se mantêm as mesmas desde dos dias em que eram persorridas por cavalos, e por isso pouco adequadas a transportes modernos. Felizmente os nossos motoristas eram habilidosos o suficiente para evitar a maioria dos obstáculos e assegurar a nossa chegada em segurança. A refeição foi uma interessante experiência, sendo o conteúdo de muitos pratos um completo mistério, mas foi muito agradável e deu-nos outra oportunidade de conhecer e nos misturarmos com os outros membros do nosso clube-irmão. O regresso a Ponta Delgada foi relaxado e assim terminou a primeira fase do rally.
Durante o dia seguinte a frota navegou até Santa Maria, que é a ilha mais a sul e oeste das ilhas e que, até recentemente, era raramente visitada por cruzeiros. As boas-vindas que recebemos em Santa maria foram simplesmente espectaculares. A marina de Vila do Porto é nova e os habitantes da ilha foram muito prontos a mostrar-nos isso. Eles nunca tinham tido antes um rally de cruzeiro e por isso toda a comunidade se esforçou imenso por tornar a nossa visita memorável. Eles até nos proporcionaram ancoramento gratuito na marina. O administrador do porto, o sempre bem-disposto Armando Soares, não podia ter sido mais cooperador. Ele não só esvaziou todo o pontão central da manira para nós, como também reservou a cada barco um local de ancoramento com antecedência, para que todos nós soubéssemos exactamente onde ir. Para além disso ele tratou de toda a burocracia, para que fosse completada rapidamente nos barcos por um educado e divertido polícia. Quando todos os serviços de suporte estiverem a funcionar, esta marina, embora não muito grande, será uma das melhores nos Açores a nível de conforto e segurança.
No dia 21 Julho os eventos formais começaram no Clube Naval, ao pé da marina, com um absolutamente espantoso espectáculo de tambores do grupo Bei-ja-tum. O grupo era composto por certa de 24 jovens, a maioria jovens moças de longo cabelo e vestidas em trajes brancos, que tocaram por cerca de 45minutos e receberam um grande aplauso. Para muitos, este foi o ponto alto de todo o rally. Um excelente e prolongado almoço providenciado pelo Club Naval segui-se, com muito vinho local, após o qual trocámos presentes com a presidente da câmara, o presidente do Clube Naval, e o administrador do porto. Eu agradeci a todos a recepção maravilhosa que recebemos e Evie fez um pequeno discurso de agradecimento em português, o que foi grandemente aprecisado pelos locais, a maioria dos quais não falava inglês. Também tive a oportunidade de receber o troféu de Mervyn Wheatley, visto que ele não pôde atender a festa final, e fui também presenteado com um bolo de aniversário. Um grupo musical local cantou e tocou guitarras tradicionais, acompanhados por um desfile de trajes tradicionais açoreanos, usados para diferentes ocasiões. Isso foi-nos explicado em inglês pela Carla. No final fomos até encorajados a dançar com as 'modelos'.
As nossas cabeças ainda estavam um pouco frágeis quando nos juntámos na manhã seguinte para um passeio pela ilha, providenciado pela câmara municipal. Isto foi uma óptima oportunidade para ver os maravilhosos cenários da ilha que é bastante diferente de S.Miguel. Alguns de nós nadaram na quase deserta praia da baia da Praia, enquanto outros foram a S.Lourenço, onde cada pedaço de terra fértil foi separado em quadrados, rodeados por paredes de pedra, que formam vinhas. Depois fomos à baía dos Anjos, onde Colombo atracou na sua viagem de retorno da América, em 1493, e passámos pelo enorme aeroporto construído pelos Aliados durante a II guerra mundial, apesar de Portugal se ter mantido neutro. Estávamos de volta ao Clube Naval pela hora do almoço onde, por uma modesta quantia de €10, tivémos uma bela refeição. A presidente da câmara voltou novamente, para nossa surpresa, a presentear-nos a cada um com uma selecção de produtos da ilha e uma pequena lembrança que era uma miniatura das chaminés típicas da ilha. Este foi o último encontro formal antes das funções finais do cruzeiro, uma semana depois, quando gradualmente e relutantemente nos fomos separando de Santa Maria e das memórias da maravilhosa ecepção que tivémos desta amigável população.
A frota dispersou pelas outras ilhas conforme os desejos de cada um (a maioria parece ter ido parar à Horta), e juntou-se depois em Angra do heroísmo, a tempo da fase final a 29 de Julho. Novamente, o pessoal da marina foi muito útil, apesar de termos os lugares ocupados juntamente com a frota de um rally inter-ilhas. Infelizmente alguns dos ancoradouros, especialmente aqueles ocupados pelos barcos maiores ao pé da entrada, foram vítimas de considerável movimento de águas e eram decididamente desconfortáveis. Angra mostrou-se outro excelente sítio e muitos membros alugaram carros, taxis e minibuses para visitar as muito interessantes partes da ilha, desde cavernas a fortes antigos, passando por verdes pastos. A própria cidade de anga é um local de património mundial e tem muitos edifícios tradicionais, coloridos e bem conservados, em ruas estreitinhas. É difícil de acreditar que 3/4 dos seus edifícios foram destruídos por um terramoto tão recente como o de 1980.A 28 de Julho, eu e a Evie demos uma festa muito informal a bordo do Faustina II e Island Life, cujos donos, John e Ann Clementson e Cormac e Barbara McHenry, generosamente (e provavelmente imprudentemente) nos deixaram usar os seus barcos para serem usados para a festa. Nós convidámos as tripulações de todos os barcos do rally na marina e não fazemos ideia de quantas pessoas vieram. Basta dizer que o nível de barulho era alto. Ficámos encantádos por receber a Carla, o seu marido Frederico e o bébé David na festa. Dia 29 doi o último dia do rally e as celebrações começaram com uma recepção pela administração da marina. Houve muito vinho local e petiscos e a festa final começou no terraço na parte de fora do restaurante Aquaemotion, ao lado da marina, acompanhados por um grupo de música que tocou música tradicional terceirense. A Carla foi explicando o significado das canções. Ao jantar tivémos comida tradicional.
Os nossos convidados incluíam Carlos Adalberto Silva, o presidente dos portos dos Açores, e a sua esposa, e claro, Carla Cook que tanto contribuíu para o Rally e que nos explicou tanto sobre as ilhas. (depois disto só refere pessoas irlandesas e inglesas que estavam no cruzeiro).
Tradução: Irene Melo / Foto: Arquivo
Artigo original e fotos: Clube Naval S. Maria