segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Onde todos ajudam nada custa"

O Espírito Santo é o amor que imana do Pai e do Filho e com ambos forma a Santíssima Trindade. Santa Isabel de Aragão, rainha de Portugal por casamento com o Rei Lavrador, que apesar de poeta era um marido repressivo, concretizou esse amor numa refeição dada a pessoas menos afortunadas fazendo coroar o mais pobre de todos. E assim nasceram os Impérios que nos são tão queridos e que em Santa Maria têm a expressão máxima de doação e partilha: não há irmandades, todos os que chegam sentam-se à mesma mesa sem distinção rigorosamente nenhuma de classe social, religião ou raça. De tal forma que costumamos dizer acompanhando a toada do tambor e dos pratinhos que “quem vem come, quem não vem não come”. Com mais ou menos Fé ou apenas cumprindo tradição estamos em plena época de Impérios. Não os ouve no dia que seria dado, o de Pentecostes, mas agora quase não há Domingo em que não haja um ou mesmo dois. No Aeroporto cumpriu-se a tradição com a realização do Império das Crianças que um grupo de esforçadas pessoas tem teimado nos últimos anos organizar, fazendo peditórios, enfeitando o Quarto do Espírito Santo, convidando ajudantes, preparando tudo com muito amor para que nada falhe em tendo chegado o dia 24 de Junho dia de São João.
A nossa Capela enfeitada com esmero, quase foi pequena para acolher fiéis devotos de S. João, os Escuteiros que incorporaram depois o cortejo da coroação, o grupo Coral que cantou afinado os cânticos dados da festa do Espírito e os que foram coroados no final da cerimónia.
A mim, chamou-me a atenção um casal que no fundo da igreja acompanhou todos os passos da cerimónia com toda a atenção e respeito. Chamou-me a atenção por terem aspecto de estrangeiros. No final da cerimónia lá estavam a fotografar a saída do cortejo. Pensei: devem de achar no mínimo interessante todo este ritual de coroação, foliões e vão levar para a sua terra uma recordação interessante de dias passados em Santa Maria. Quando os vi, depois, no caminho de Sant’Ana, a pé, a acompanharem o cortejo e a fotografarem já achei que havia uma persistência invulgar para turistas e quando estando eu a fotografar os caldeiros onde coziam as carnes para as sopas ouvi o homem num português quase tão mau como o meu inglês ou o meu francês dizer: A Francisca que ajudar, pode? E depois vi ambos dentro da copeira a lavarem louça, a desempenharem todas as tarefas que lá se fazem pensei: Caramba, há quem fique à espera de ser convidado para ajudar no Império e há quem tome a iniciativa e se junte aos que trabalham sem distinção rigorosamente nenhuma de classe social, religião ou raça. Abençoadas as mãos que se juntam às outras mãos para que eu esteja sentada à mesa da partilha a comer estas sopas. Viva o Espírito Santo! Viva o Imperador! Viva os cozinheiros!! Vivó!!!!

Acrescento: Viva Christian Solen Thaler e Francisca Thaler!! Vivó!!

Texto e fotos de Ana Loura